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Manhãs




Gosto das manhãs e da sua pureza, tal qual criança que nasce, despida de imperfeições que a sociedade lhe cola à medida que cresce. Gosto das manhãs e do ar impoluto de frenesim humano, um ar polvilhado de sons lentos e naturais, os sons das entranhas da casa e a conversa tranquila dos pássaros espalhados pelas árvores do bairro. Gosto das manhãs e da sua nudez, de tudo o que é natural, do seu rosto puro sem artifícios, inundada com o perfume suave da terra. Gosto dessa energia limpa e genuína que prepara o dia a iniciar. Gosto desse silêncio sem nome e dos bouquets de rosas que despontam numa obra de arte, sem o saber. Gosto da manhã e da sua claridade, das investidas do sol pelas frinchas das portadas a alagar os espaços com feixes de luz reconfortantes. Gosto desse tempo suspenso no ar, como se as horas parassem na contemplação demorada do espetáculo. Gosto dos rostos abertos dos que amo e dessa predisposição à surpresa do dia e da energia do corpo, que borbulha ainda calmamente, não deixando que adormeça.

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