Dentro de nós, habitam vilarejos, aldeias, cidades de ideias. Os pés pisam a terra e aquele ritmo bafeja-nos um início de uma composição que podemos dedilhar nas cordas da guitarra. Dentro de nós há tantos versos por desenrolar, tantas cores por desabrochar. Um rodopiar, um estender de mãos, um traço de riso na nossa face pode ser o começo de um projeto. Na nossa voz reside a vontade de puxar as águas inquietas dos nossos poços profundos para outra matéria, também repleta de vida.
 
Em algumas grutas do nosso corpo, há poesia adormecida e, quando esticamos bem o nosso ouvido, compreendemos o pensamento colorido ali enrolado, bem no fundo da caverna, meio tremelicante de frio à espera de um raio de sol para o acalentar ou de um salpico de maresia, acordando-o para a exterioridade.
 
Aqui há lugar, há tempo, há escuta, há presente.
 
É como explorar lugares vagarosamente, espreitando em cada recanto de jardim, em cada poça de água salgada, onde habitam inúmeros seres, numa conversa de formas e cores diversas.
 
Aqui há lugar para Ser, para Estar. Lugar para respirar profundamente e onde o espaço da criação surge espontaneamente.
 
Há lugar para a descoberta, inspirada em imagem, música, palavra que permite o caminho único da construção de um diário de inspiração criativa, onde ficam pegadas dos momentos de descoberta, de epifanias, de recordação de ideias resgatadas. Esse será talvez o início de um voo para trilhos inesperados, de motivos para novas ações, soluções, gestos, voz, possibilidades...