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A minha viagem na educação pela arte

  • Foto do escritor: tmpego
    tmpego
  • 10 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

Origem da palavra educação


Educar, orientar, conduzir.

Quando penso em educação, penso sempre nestas palavras. Uma condução, tal e qual orquestra, em que vários elementos fazem parte de um todo harmónico e fluido, onde todos aprendem, movidos pelo esforço e a paixão pelo que fazem.


Como comecei eu com a educação pela arte?


Tudo começou com o filme “O Clube dos Poetas Mortos”. Talvez muitos vissem em John Keating, inspirado no professor americano Samuel F. Pickering Jr.(Samuel F. Pickering Jr.), uma representação de uma pessoa insurgente, incitador de atos de rebelião contra o sistema educativo vigente; mas também muitos outros compreendiam talvez que nessa rebeldia estava a capacidade para sensibilizar os outros na educação do olhar e, consequentemente do pensamento. E era isso precisamente que me tocava e que me transformou naquela altura da minha vida. Rapidamente me embrenhei na leitura de Keats, Henry David Thoreau e Walt Whitman. De Whitman passei a Fernando Pessoa, mais concretamente a Álvaro de Campos, e os caminhos continuaram a serpentear, expectantes.


Comecei a sonhar com uma escola diferente, onde a aprendizagem fosse significativa e a comunidade se juntasse, no meio da natureza, para refletir sobre a importância de tudo aquilo que se aprofundava em cada sessão, com cada professor. Mas isso não bastava, havendo a possibilidade de descobrir por que razão cada área do saber era importante e especialmente por que razão a arte, e especialmente a poesia, era tão relevante na consciência e desenvolvimento humano. Acima de tudo, perceber que a vida estava interligada com o saber, com tudo aquilo que se aprendia na escola, e Keating fazia questão de o reforçar, apesar da incompreensão por parte de alguns. Tudo começou aqui.


Aquando do meu início enquanto professora, tive a sorte de ser bafejada por ventos criativos e de igual insurgência que me fizeram acreditar na orientação de pessoas para a reflexão e para a arte. Durante alguns anos, tive algumas experiências com alunos que vinham já cansados do sistema de ensino tradicional e procuravam um caminho diferente, um que estivesse relacionado com os seus gostos particulares e, por esse motivo, enveredavam pelos cursos profissionais. Tive um primeiro impacto, pois compreendi que as metodologias tinham de ser diversificadas… aprendi a partir daqui que cada grupo de pessoas era sempre diferente e que todos tínhamos de nos adaptar a essa diferença. A sua inquietude revelava cansaço do que não tinha resultado no sistema tradicional. Então pensei e repensei e entendi que o conhecimento deveria chegar a eles de outra forma, através da emoção, através da conversa demorada com cada um deles, através dos seus interesses. Como nessa altura tinha também iniciado outro projeto que valorizava as experiências de vida de adultos e as validava, procurei interligar tudo e adotar essa atitude com os jovens, mas tenho de confessar que isto não aconteceu de repente e foi um caminho bastante pedregoso, apesar de interessante e enriquecedor para todos. Normalmente, são as situações mais desafiantes que nos fazem repensar as nossas formas de agir, os nossos comportamentos, hábitos e maneiras de pensar. A partir daqui, senti ainda mais que se o sistema tradicional de ensino fosse mais orientado para cada pessoa, para o seu interesse e a partir daí se fosse construindo o saber, devidamente orientado e com uma estrutura que se iria construindo em conjunto, com o professor, com os outros colegas e com a comunidade circundante, que a aprendizagem iria realmente acontecer de forma profunda e significativa.


Fomos conhecer as ruas e as suas pessoas, ver, ouvir, cheirar, provar, tatear a sua diversidade; fizemos do saber um jogo em conjunto na natureza, na cidade, em locais históricos, compreendendo o sabor verdadeiro da confraternização ao som da leitura de alguns excertos de Eça de Queirós. Todos crescemos, nos fomos aproximando e trilhamos caminhos, talvez alguns um pouco inconscientes da aprendizagem adquirida ao longo daqueles momentos. Sempre em conjunto, fomos criando blogues de escrita criativa, blogues informativos onde informávamos o público das ações realizadas na comunidade; criávamos tertúlias na praia com livros, convidávamos jornalistas, atores, empreendedores para nos inspirarem ainda mais; íamos conhecer as pessoas da cidade e as suas vidas (e alguns apreciavam tanto ser convidados a ser escutados!); convidávamos outros colegas e outros professores da comunidade e juntos conversávamos sobre vivências de outros tempos, sobre modos de ver do passado e de como estes influenciaram o presente; fizemos exposições de fotografia, cantámos e dançámos em roda, compreendendo que tudo se interliga e que a vida é realmente uma grande escola.


Outras possibilidades de projetos foram surgindo e fui abraçando aos poucos cada um e cada pessoa que neles habitava.




 
 
 

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