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Como ligar a comunicação com o lúdico, a arte e a natureza?

  • Foto do escritor: tmpego
    tmpego
  • 10 de abr. de 2021
  • 5 min de leitura


Inícios…


Como já referi noutros artigos do blogue das Paixões com Sentidos, sempre estive ligada à comunicação, desde o momento em que comecei a trabalhar, em 1997.


E o que mudou desde aí até agora? Inicialmente, estava ainda muito agarrada às aprendizagens que tinha tido na Faculdade e o conceito percecionado de comunicação era muito redutor, limitando-me ao simples esquema do emissor, recetor e mensagem, para além dos outros elementos que eram explorados com pouca profundidade. Durante os meus tempos de faculdade, tive alguns professores que me fizeram questionar sobre o conhecimento e sobre a forma como o adquiria. Lembro-me que muitos deles referiam a importância da curiosidade pelo mundo e a leitura de uma tipologia textual variada como forma de aperfeiçoar os textos, tornando-os mais reflexivos, pois já tínhamos lido perspetivas de diversos autores, podendo também construir a nossa.


Sem dúvida que a curiosidade sempre foi algo que esteve dentro de mim, fosse nas brincadeiras, na minha infância, fosse também ao longo da minha vida. Lembro-me que determinados temas me levavam em poderosas demandas, em viagens fantásticas que me deixavam naquela imersão ilusória, de onde não queria sair. No entanto, apesar de ser bom voar, não podemos deixar de ter os pés bem assentes na terra. Foi algo que fui aprimorando também e fui aprendendo, um pouco mais tarde, quando comecei a trabalhar com jovens adultos e adultos com muita experiência de vida. Com eles, aprendi que se pode continuar a alimentar o sonho, nunca descurando as raízes e o sustento. Com eles também fui compreendendo a necessidade de escutar aprofundadamente para chegar ao esquema de comunicação que o conteúdo programático me apontava, como sendo um dos objetivos a alcançar na disciplina de Língua Portuguesa.


Desde o momento em que comecei a trabalhar com jovens adultos e adultos com experiências de vida diversificadas que comecei a valorizar, ainda mais, a comunicação interior e a comunicação com os outros, ou seja, iniciei uma viagem interior que depois me permitiu compreender melhor os outros, não só aqueles com quem trabalhava, mas também outras pessoas que gravitavam em meu redor.


Comunicação e desenvolvimento pessoal, como assim?


Como disse, sempre fui uma pessoa curiosa. Para além disso, conheci muitas pessoas que valorizavam a curiosidade e consideravam que esta poderia ser uma poderosa aliada nas nossas vidas, contribuindo para uma vida com uma realização maior. Então não me limitei às formações dentro da minha área específica, que era o professorado e a formação profissional de jovens e adultos. Mesmo tendo realizado essas formações, fosse dentro das escolas, fora delas, ou em conferências dedicadas aos temas, fui para além disso e procurei iniciar essa tal comunicação interna. Comecei a perguntar-me o que pretendia realmente. Foi uma conversa com uma grande amiga, com quem já percorri alguns trilhos nos meandros dos bosques, que me lançou para a descoberta do coaching, do reiki e da meditação. Se nós já tivermos dentro de nós a faísca da curiosidade, depois basta o rastilho para que a decisão de agir aconteça. Todas as formações, workshops, oficinas, cursos, conferências nos quais temos interesse podem realmente ser ferramentas muito úteis para as nossas vidas. Ao nos irmos ouvindo, ao compreendermos aquilo que nos move e que nos interessa, começamos a traçar um percurso que nos abre ainda mais caminhos, seja para a área que pretendemos aprofundar, seja para outras áreas que nem sequer conhecíamos e que passámos a conhecer.


A comunicação, o lúdico, as artes e a natureza


Durante esse ano e meio em que aprendi conteúdos sobre o coaching, ou seja, sobre o treino que cada um de nós pode ter por forma a criar estratégias para alcançar os seus objetivos, compreendi que poderia aliar esta área à da comunicação e aplicá-la na minha vida, fosse pessoal, fosse profissionalmente. Como neste curso de coaching, a prática artística era muito valorizada, decidi também adicionar este ingrediente ao meu trabalho enquanto professora/formadora/facilitadora. E foi a partir desse momento que as artes foram cada vez mais fazendo parte integrante da formação, para surpresa e encanto dos participantes.

Agora imaginem um parque frondoso, com espécies variadas de árvores. Imaginem agora um formador e uma dezena de formandos que, de repente, se veem imersos num contexto tão diferente do usual, uma sala de aula, repleta de computadores que nem mesmo permitem a visualização na íntegra dos rostos e corpos dos presentes no espaço. Divide-se o grupo de formandos em duas partes: cinco para um lado e cinco para o outro. Em seguida, a uma parte do grupo pede-se que, dentro do volante que vão atirar com a raquete de badminton, coloquem um papel com uma questão que atiram ao outro grupo, que se encontra do lado oposto. Esse grupo, distanciado 50 metros, terá agora de responder à questão, usando a respiração diafragmática para a projeção de voz. Durante uns quinze minutos, a comunicação vai-se fazendo, jogando-se badminton no meio de flores, arbustos e árvores expectantes. Por vezes, até um restolhar de folhas e uma galinha curiosa, seguida de um galo de cores vibrantes.



Imaginem, nesse parque, formandos em círculo e imaginem, agora, um papel. Nas mãos, o papel transforma-se num avião. Em várias partes deste origami escrevem-se palavras. Pede-se a um formando que inicie uma história, contendo uma das palavras escritas no avião de papel. Depois, esse formando envia esse avião a um colega que terá de dar continuidade à história, usando uma outra palavra já escrita no avião e assim sucessivamente, até não haver mais nenhuma palavra.


Imaginem pedras que foram recolhidas na praia perto do parque, depois foram decoradas livremente pelos formandos e, seguidamente, empilhadas procurando-se o equilíbrio. E agora imaginem livros. Um monte espalhado numa manta multicolor no meio de uma roda de olhares inquietos. Alguns não gostam de ler (julgam eles), outros olham de soslaio para as capas que lhes suscitam algum interesse, seja pela capa em si, seja pelo título. A partir daí, começa o piquenique literário e a vontade de espreitar o que cada acepipe tem dentro. Em voz alta, leem-se os excertos mais apelativos. E aí, começa a aventura que pode ter dois desfechos: ou é um trampolim para a leitura até ao fim e descobre-se um novo autor, ou é mote para a desistência e o abandono do livro.


Esta formação é necessária porque sentida pela mente, corpo e alma, tudo num só, rumo a uma aprendizagem mais profunda. Nesta formação a comunicação está sempre presente, seja a comunicação que cada um faz consigo próprio, seja a comunicação que cada um faz com o grupo participante. Também está presente o silêncio aberto à contemplação e ao despertar dos sentidos e de outras formas de nos expressarmos, por exemplo, através da fotografia, da escrita, de um desenho ou de uma dança, se assim o desejarmos fazer. Cada um terá o seu espaço e a liberdade para se expressar. Após a realização das atividades, há espaço para refletir com espírito crítico sobre as aprendizagens alcançadas.


E, por isso sim, acredito na comunicação, na orientação para este caminho, usando as artes (não no seu aspeto técnico, mas sim num aspeto experimental e complementar), em contextos mais apelativos e ao ar livre, diferenciados de espaços fechados e “ruidosos”, devido aos elementos que cada um contém.



 
 
 

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