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A Caminho da Novaterra - Círculos de Tambores Xamânicos, com Ana Maria Pinto

  • Foto do escritor: tmpego
    tmpego
  • 31 de mar. de 2024
  • 3 min de leitura


No ano de 2022, abria um caminho novo para o Podcast dos Caminhos Criativos, o das conversas com pessoas que me inspiravam dentro das áreas da aprendizagem pelas artes e afetos, comunicação e relação, crescimento pessoal em estreita ligação com a natureza.


A primeira pessoa com quem conversei foi a Ana Maria Pinto. Passados dois anos, encontro-me com a Ana pessoalmente na Associação Novaterra, em Rio Tinto. As estrelas brilhavam nos céus imensos quando caminhei até lá e, quando cheguei à porta da Associação, deparei-me com uma mulher de sorriso doce, de constelações no olhar de luz e um abraço casa imenso. Parecia que já a conhecia há muito tempo. A Ariel, uma cadelinha cor de mel e meiguice no olhar, seguia-a, divertida e curiosa, para todo o lado. Era também uma guardiã daquele espaço. Na sala verde, o círculo aumentava e era uma roda de risos, de olhares cúmplices, de corações abertos à exploração de histórias feitas de sons.


Quando conversei com a Ana a primeira vez, no episódio 17 do Podcast Caminhos Criativos, lembro-me de me ter dito que “nós éramos uma concha em espiral em contínuo”, e de ter falado que a partir do momento em que abríamos o coração e nos abríamos à mudança, iniciávamos a dança dos astros em contínuo movimento. Ali, na sala verde, conseguia perceber essa dança, um movimento de gestos e de vozes mescladas com o ritmo dos tambores, encostados ao nosso coração.


O círculo chamava para o encontro. Um encontro especial onde cada pessoa presente era acompanhada por um tambor que abraçava, algumas das pessoas, pela primeira vez. A história que tecíamos em conjunto com aqueles novos companheiros ficava registada nos nossos corpos e também no corpo daquela casa onde um coração pulsante, luminoso, se abria em janela a tantos outros que se lhe juntavam.


Os encontros eram sempre diferentes, porque na realidade cada uma de nós também está em constante construção e o nosso passo, de forma subtil, vai-se tornando outro à medida que as vivências ficam impregnadas em nós. Eram encontros de águas que se moviam em círculos, trazendo pessoas e gestos novos, que cada uma acrescentava, com ingredientes diferentes na nossa voz e nosso corpo. O tambor segredava-nos a sua história, aos poucos. Comecei a compreender a sua presença, a sua textura, o seu perfume, o seu grito. Embora no início a conversa tenha sido tímida, à medida que o conhecimento se travava e a cumplicidade era cada vez maior, o diálogo transformou-se em algo forte e sólido, com vozes entrelaçadas. Era a minha voz mesclada com a dele, a do tambor, e depois com muitas outras vozes que ali se encontravam na roda. No meio daquela história robusta de sons, surgia subtilmente a voz, por vezes delicada, por vezes enérgica de Ana Maria que nos ia guiando numa viagem espiralada de emoções, sensações, cores, cheiros, uma viagem de sentidos a elevar-nos aos céus, com os pés bem assentes na terra.


Naquela terra brotava uma história fértil, guiada pelas mãos de Ana Maria. A sala metamorfoseava-se em cenários naturais, onde as águas frescas banhavam os pés e o coração era abraçado pelas gavinhas das plantas e árvores de florestas imaginárias. O círculo de seres dançava e o tempo e espaço esvaneciam-se para dar lugar a um ritmo vibrante, cósmico, amoroso, uno. As histórias contavam-se no ribombar do ventre do tambor e os corpos meneavam-se em espirais contínuas de movimento, histórias infinitas do que foi, do que é e do que vai ser.

Teresa Pêgo


Fotografia: Ana Maria Pinto




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