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Aprender na Floresta – How do You Feel? - Como se sentem?

  • Foto do escritor: tmpego
    tmpego
  • 14 de fev. de 2022
  • 2 min de leitura

Fevereiro. Parque da Cidade do Porto.

Patrick e Cidália acolheram-nos, como se aquele momento fosse apenas um relembrar de algo que já tinha acontecido num passado não assim tão longínquo. Naquele dia, íamos vivenciar a metodologia da escola da floresta. E assim foi. O local escolhido era-me familiar e transformou-se num espaço aberto a novas possibilidades. Curioso como os lugares, mesmo que já conhecidos, se modificam na diversidade das situações e com as diferentes pessoas que os habitam.

Fomos abelhas com o nosso ferrão e, em correria desenfreada e ziguezagueante, procurávamos sofregamente um alvo para ser atirado para fora do jogo.

Em relaxamento, e com o sol a tocar a nossa pele ao de leve, em círculo, conhecíamo-nos, procurávamo-nos e encontrávamo-nos através das histórias. À nossa volta, a grandiosidade dos eucaliptos que escutavam, atentos, as nossas viagens, os nossos gestos e sorrisos. How do you feel? Sentíamo-nos bem, tendo esquecido por completo o tempo e tudo o que a sociedade agitada frequentemente nos oferecia.

Depois, suavemente aquecidos pelos braços solares, fechávamos os olhos e, dentro deste novo círculo de humanidade, explorávamos o que a nossa pele tocava ao de leve, timidamente. Na escuridão, sentíamos mais que na visibilidade. A morosidade dos nossos passos detinha-se no toque e no reconhecimento do outro e da sua pele e também da pele da terra que era o regaço dos nossos pés.

De repente, tínhamos o tempo para ver, escutar, sentir, saborear cada pedaço de palavra, de brisa, de tudo o que ia acontecendo devagarinho, sempre acompanhados por aquele círculo natural aparentemente indiferente ao nosso encontro. Nós, pontos minúsculos, na base de uma árvore, minuciosamente escolhida por Patrick, para cada uma de nós. Durante uns momentos, tivemos a oportunidade de conhecermos melhor aquela árvore, aquele lugar que, aos nossos olhos, simplesmente existia. Ao erguer a cabeça, farrapos de nuvens iam passeando à brisa da manhã, cobrindo o azulado do céu. Vagarosamente, folhas acastanhadas libertavam-se dos ramos de algumas árvores praticamente despidas. À medida que isto ia acontecendo, os raios solares entravam, sem convite, por entre as copas de eucaliptos e pinheiros gigantescos.

Meet the tree. De olhos fechados, confiámos, sendo os olhos de um outro ser humano os nossos guias e redescobrimos os sentidos e a memória, procurando as rugosidades do corpo de uma árvore que ficava gravada nas nossas mãos e depois, no fim, tinha de ser descoberta.



Entrámos depois no mundo do maravilhoso e da invisibilidade e, de coração cheio do encantamento e da impossibilidade possível, procurámos, o paradeiro de um povo mágico. Tivemos de sussurrar planos para os encontrar, esconder, trabalhar em equipa, carregar troncos para poder atravessar rios para outras margens. E, depois de um outro ser fantástico assustar este povo mágico, a imaginação bateu à porta e um ritual frenético de corpos em roda chamou o povo e também as gotas da chuva que foram convidadas para o repasto debaixo de uma tenda.


Ao longo destes dias, caminhámos lado a lado, expressando, brincando, desafiando, crescendo em conjunto, sabendo das nossas diferenças. Tal como as árvores, fomos comunicando, por vezes sem necessitar das palavras. Como elas, servimo-nos das nossas raízes invisíveis e criámos caminhos, entrelaçando sentires. #aprendenafloresta

 
 
 

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