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Prana e Arte, um abraço

  • Foto do escritor: tmpego
    tmpego
  • 18 de jun. de 2022
  • 2 min de leitura

Era uma manhã de abril de sol tímido e nuvens irreverentes. Ao lado da livraria mais antiga do Porto, a Lello, uma porta abria-se para um prédio antigo de escadas de madeira torcidas pelo tempo em direção ao espaço Yoga no Porto. A cada passo na escada, sentia a magia do inesperado e do surpreendente até ao terceiro andar.

As grandes janelas brancas abriam-se sobre as copas das árvores da praça. Ao longe, a Torre dos Clérigos e o suave bramido das vozes dos que procuram e encontram a cidade e daqueles que a percorrem, já bem conhecedores dela.

O Yoga e a Arte abraçavam-se. Na grande sala de espelhos e janelas brancas, os olhos pousaram em cada pincel, folha de papel, recipientes para as tintas com as cores básicas, esponjas, dispostos em círculo. Em frente a cada folha de papel, um tapete de yoga.

O caminho iniciava. O corpo e a consciência acordavam, libertavam-se, entre respirares lentos e apressados, consoante as orientações da terapeuta Cassia Camirim. Preparava a pele, o interior, e escutava, de pés assentes no chão e olhar posto nas árvores. Este movimento cuidado do corpo despertava o que estava esquecido dentro, acendia emoções escondidas nas esquinas dos órgãos.

De dentro do corpo para a extremidade, aos mãos mexiam-se agora de forma livre, ao som da voz da artista e facilitadora, Inês Peres, e de música escolhida meticulosamente, induzindo sensações, vontades, emoções, ondulações com os pincéis à disposição.

Era um momento único de conexão interior. Convidava-se à imersão tanto nas tintas, a um mergulho profundo naquela folha inicialmente branca agora polvilhada com pingos de tinta multicolor. Respirar é sempre um ato único e exploratório para cada um que se deixa envolver. Esse vento necessário que percorria o corpo integrava-se, depois, na originalidade expressa pelas pinceladas soltas, espontâneas e meditativas.


Este ato de respirar era conduzido pela terapeuta Cassia Camirim como que numa dança, com passos diversos, passando por estados de presença, libertação das emoções e reequilíbrio do sistema nervoso.

O tempo deixou de existir. Não senti a sua passagem, por causa do banho intenso no mar de tintas, contemplando do interior para o exterior, como se de repente tivesse peregrinado para dentro do meu próprio quadro, numa dança psicadélica, onde as cores se uniam às cores suscitadas pela viagem da respiração.

Não se procurava nada, nem se pretendia explorar uma técnica de pintura especial, mas sim um fluir da mão na folha branca, na exploração de pincéis e outros materiais preparados para serem manuseados. De repente aquele lugar era acolhimento e embalo, porque também Inês e Cassia assim o proporcionaram, tornando o momento singular e realmente transformador. Fotografias: Inês Peres Laurence Didillon Teresa Pêgo

Conheçam o trabalho da Inês e da Cassia aqui: @ines.sousacardoso.peres

@camirim.cassia

 
 
 

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