Um Banho de Floresta
- 27 de out. de 2022
- 2 min de leitura
Permites? Sim, permito. E foi assim que uma cortina de folhas esverdeadas se abriu e, num vagar curioso, passei por aquele pórtico misterioso, entrando na floresta, que me esperava, também ela expectante.
Para conhecer a floresta, precisei de uma guia, a Milene, que foi narrando a história do coração daquela floresta.

A floresta gosta da subtileza de cada ser que nela deambula. E assim, tal qual felino, subi e desci o seu corpo serpenteante, animado de cores, sabores e odores, recebendo o convite para descansar o olhar em troncos, ramos, folhas e em pequenos cursos de água transparente que apareciam e desapareciam no caminho. A vontade de imergir na floresta era imensa, de caminhar e sentir os pés no solo que os acolhia. De vez em quando, uma mão demorava-se no musgo que vestia os troncos de algumas árvores, enquanto outra experimentava sentir os murmúrios mágicos da água, a desenhar em si o nosso rosto. O cheiro da floresta sentia-se nos poros da língua e nas palmas das mãos, perfumadas ainda com os resquícios da exploração vagarosa a algumas árvores que por ali se encontravam, quedas e mudas, mas grandiosas, a perder de vista no encandear proveniente dos raios de sol a inundar aque lugar.

O grupo caminhava em fila e reuníamo-nos em círculo, dispensando muitas palavras, preferindo os silêncios acompanhados pela música da chuva e o cântico das copas das árvores. A que sabe o silêncio no coração da floresta? A que sabe o tempo quando o esquecemos, perdurando apenas o cheiro fresco da terra molhada a absorver a nossa existência?
Era um momento sanador, não só pelo lugar, mas pela conexão humana que se gerava, mesmo sem palavras, apenas presente nos gestos. A floresta, através da Milene, convidou-me à presença e à profundidade, ao passo lento, perscrutante e ao sentimento de pertença no meio da natureza.
Ainda hoje, agora que escrevo estas linhas, sinto a presença da árvore no meu coração e um sentimento de profunda gratidão. O sobreiro permitiu-me e, então, respirei e viajei com ele nas suas raízes, tronco, ramo, folha e depois da sua folha, ramo, tronco até às suas raízes num espraiar infinito, quase inimaginável.
Num gesto de agradecimento ao lugar, e novamente no círculo, provámos a diversidade rica da floresta e o vínculo criado entre os seres ali presentes.

É-me um pouco árduo descrever este banho de floresta, pois só na imersão talvez o possam compreender na sua plenitude. Assim, resta-me apenas o convite à experiência pois a pele fala quando é profundamente tocada pela vivência.
Se quiserem espreitar o trabalho da Milene Domingues:
https://www.facebook.com/florestadecura https://www.instagram.com/milene.ngura/
Fotografias: Milene Domingues
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